Nasce na parte meridional da serra de Uruburetama e caminha 160km até desembocar ao encontro do mar, na barra da praia de Mundaú. Sua bacia hidrográfica de 1500km² é formada pelos rios Angelim, Cruxati e Sororó.
Muitas lendas e histórias são contadas desde a nascente até a foz do rio, assim como em 17 de agosto de 1501, quando o navegador Américo Vespúcio afirmou em seus relatos ter avistado o litoral do Ceará a 3 030’ ao sul da linha do Equador. Essa é a posição da foz do nosso rio, em uma das mais belas praias do litoral cearense. Praia essa que foi habitada pelos índios Tapuais, dos Potiguaras em épocas remotas.
Contam que essa praia recebeu o par romântico Martim e Iracema personagens centrais do romance histórico de José de Alencar “Iracema”. O famoso casal num deleite amoroso banhou-se nas águas do Rio Mundaú, saboreando o nosso famoso peixe-camurupim. No livro, José de Alencar ressalta a abundância pesqueira e a belezas de nosso rio, isso em meados de 1865.
Mundaú em Tupi Guarani significa “rio muito tortuoso”, assim com está escrito no livro Iracema “Com o segundo sol chegaram às margens do rio, que nasce na quebrada da serra e desce a planície, enroscando-se como uma cobra. Suas voltas contínuas enganam a cada passo o peregrino, que vai seguindo o tortuoso curso; por isso chamado Mundaú”.
Nossa história começa na serra de Uruburetama, onde nasce o rio, um lugar muito importante para nossa região, a qual é chamada de Litoral Oeste, mas nossa gente a conhece por Vale do Curu. Um lugar em meio ao verde e a poluição onde se encontra a nascente, o que pouca gente sabe e da importância que tem a mesma, e que se não tomamos uma atitude imediata, corremos o risco de perdê-la em breve.
Hoje em dia a água doce é um recurso natural escasso, inclusive no interior do Ceará principalmente na região do sertão, que sofre com os processos de desertificação, escassez de água e ausência de chuvas. Muita gente ainda não acredita que poderemos perder nossos recursos hídricos. O povo não crer que nosso planeta e formado por três quartos d’água, e apenas 1% do total dessa água doce e acessível ao consumo humano. O restante é água salgada, solidifica (nas calotas polares) ou ainda águas subterrâneas.
A forma como a água do nosso rio vem sendo usada e desperdiçada é um crime! E estão sujeitas aos vários tipos de contaminações e poluições. Por outro lado, a agricultura e a exportação consomem grandes volumes d’água para satisfazer o mercado. Mesmo assim, nossa realidade local nada faz para reverter este quadro.
As mudanças climáticas e o crescimento da população mundial fazem com que a demanda de água doce seja criticamente ameaçada. De maneira progressiva, a quantidade de água disponível para o consumo humano e animal no mundo está diminuindo e ameaçando a vida e a sustentabilidade do meio ambiente. As estimativas é que em 2025 se duplicará, será de 56% maior que a oferta.
Outro estudo da ANA (Agência Nacional das Águas) afirma que se não tomamos atitudes agora em relação a nosso Rio Mundaú, em 2015 não teremos mais água suficiente, mas também hoje nosso açude mundaú abastece três cidades (Uruburetama, Tururu e o distrito de Deserto da cidade de Itapipoca) sendo essa última cidade a maior dessa região.
Os problemas ambientais que enfrentamos em nossa cidade são vários, mas o mais grave sem dúvidas é a questão da preservação da nascente do rio e a despoluição e preservação do leito do rio entre as cidades, desde Uruburetama até chegar ao Trairi na praia de Mundaú, onde o rio tem 20km navegáveis é existe um mangue que deve ser preservado.
Esses são os motivos que levarão o rio a sumir e conseqüentemente faltar água potável para todos dessa região. Essa situação que está acontecendo com os rios brasileiros é um absurdo, vejamos o caso do Rio São Francisco, é uma violação aos Direitos Humanos, afinal a água e um direito de todos.
Parece impossível, que em pleno nordeste brasileiro, exista uma região tão cheia de riquezas naturais, ao mesmo tempo em que não são preservadas. Sendo que no sertão do Inhamus, Irauçuba... Estão passando sede e não tem nada para plantar e comer, por falta de água. Enquanto nós poluímos e destruídos nossos recursos naturais sem pensar no amanhã.
No decorrer do rio encontramos homens e mulheres vivendo dele e se utilizando de suas águas de várias maneiras: pescar, beber, brincar, lavar, irrigar. Então, o que fazer para salvar esse nosso patrimônio natural? Passei horas vendo suas águas passando, sob meus pés, refletindo sua importância embaixo de um velho Juazeiro. Então pensei... Por que nossa gente não preserva o nosso rio? Então sonhei, um dia ele vai sumir, secar ou a sua cabeceira vai encher e logo tudo vai vira uma grande correnteza.
Então virá o caos; árvores arrancadas, galhos pesados, estes arrancando tudo pela frente, pessoas morrendo, outras desmaiando e outras sumindo devorados pela fúria das águas... Uma vingança do rio, depois de anos sofrendo por nós. Depois dessa visão catastrófica do futuro, espero fazer algo rápido pelo rio de nossa cidade, passando essas informações para o maior número possível de pessoas, afinal preservar a natureza não é uma questão de modismo, e sim de sobrevivência.
E como dizia nosso velho Padre Cícero “Mas, se não obedecer, dentro de pouco tempo o sertão todo vai virar um deserto só”.
George Freitas – 26/11/2007
Uruburetama-Ceará
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